Quais são as condutas nutricionais para um paciente com doença celíaca?
Neste post, você vai aprender os principais pontos que um nutricionista precisa saber para atender um paciente com esse distúrbio. Acompanhe!
Conceito
A doença celíaca é um quadro crônico de resposta autoimune ao glúten que pode acometer todas as idades.
Ao consumir um produto com essa proteína, o sistema imunológico do paciente celíaco reconhece o glúten como um antígeno e desencadeia uma resposta inflamatória, que leva aos sintomas característicos da doença.
Além dos fatores imunológicos, o distúrbio está associado também a fatores ambientais e genéticos.
As substâncias que podem ativar o sistema imune são: gliadina (trigo), aveína (aveia), secalina (centeio) e a hordeína (cevada).
Observação: a aveia não contaminada é segura para a maior parte dos pacientes, sendo necessária avaliação individual.
Diagnóstico
Os sinais e sintomas mais comuns incluem:
- Diarreia crônica
- Dor abdominal
- Perda de peso não planejada
- Fadiga crônica
- Desnutrição
- Palidez
- Artrite
- Estenoses (estreitamento do intestino)
- Fístulas (comunicação anormal entre duas estruturas)
- Fissuras anais
O diagnóstico é realizado por um médico através dos dados clínicos e de testes laboratoriais, como a presença de anticorpos antigliadina no sangue e a biópsia do intestino (duodenal).
Fisiologia
A inflamação causada pode acometer qualquer parte do trato gastrointestinal, mas é mais comum no intestino delgado e grosso. Leva à atrofia das vilosidades intestinais, prejudicando a absorção de nutrientes.
Há estágios de desenvolvimento, segundo a classificação de Marsh:
Naturalmente, quanto mais avançado o distúrbio, maior o prejuízo às microvilosidades, o risco de desnutrição e a reação imunológica à proteína do trigo.
Tratamento nutricional
A dietoterapia principal para a doença celíaca é a exclusão do agente inflamatório: o glúten. Isso vai cessar a resposta imunológica na mucosa intestinal e a atrofia das microvilosidades. A melhora acontece de 5 a 14 dias.
Em seguida, aplicar uma conduta que incentive a recuperação dos enterócitos, como o consumo de Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCC) e a suplementação de glutamina.
Além disso, devido a deficiência na absorção de nutrientes, é importante analisar a necessidade da suplementação de vitaminas e minerais como o magnésio, cálcio, vitamina B12, K, A, D e E – perdidos na diarreia e esteatorreia (presença de gordura nas fezes).
Uma vez que há a exclusão de carboidratos complexos, a dieta do paciente deve ser balanceada de forma a suprir a necessidade de fibras.
Devido ao prejuízo às microvilosidades intestinais, onde a enzima lactase é produzida, é comum que pacientes celíacos também sejam intolerantes à lactose.
Nestes casos, como os produtos lácteos serão restringidos, a suplementação de vitamina D e cálcio pode se fazer ainda mais essencial para evitar osteopenia.
Exames laboratoriais
Os exames bioquímicos são essenciais para acompanhar a evolução do paciente e evitar que a desnutrição se perpetue.
Alguns dos exames comuns para a avaliação e que podem ser solicitados por nutricionistas são:
- Proteína C-Reativa (PCR);
- VHS;
- Hemograma completo;
- Albumina;
- Micronutrientes e eletrólitos, como folato, sódio, potássio, fósforo e zinco;
- Glicemia de jejum;
- Perfil lipídico;
- Calprotectina;
A perda de proteínas intestinais, a queda na absorção de aminoácidos, a anemia e a hipoalbuminemia são frequentes na Doença Celíaca.