A sarcopenia é uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa muscular, força e função física, especialmente em indivíduos mais velhos. Ela foi formalmente reconhecida como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016, sendo incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-10M62.8).
A prevalência em idosos no Brasil é elevada, e os nutricionistas tem um papel extremamente importante nessa luta. Por isso, no artigo de hoje, conversaremos sobre o que é, causas, consequências e tratamento nutricional da sarcopenia.
Embora esteja frequentemente associada ao envelhecimento, a sarcopenia também pode ocorrer em pessoas mais jovens devido a condições clínicas específicas, como hospitalizações prolongadas, desnutrição ou doenças crônicas.
Os critérios diagnósticos incluem:
Avaliação de Massa Muscular:
Densitometria óssea (DXA) e bioimpedância elétrica (BIA) são os métodos mais usados.
Avaliação da Força Muscular:
O teste de preensão manual (ou palmar) com dinamômetro é frequentemente utilizada para esse fim.
Desempenho Físico:
Testes como a velocidade de marcha e o levantamento de cadeira em 30 segundos ajudam a identificar limitações funcionais.
Quais são as causas da sarcopenia?
A sarcopenia é um processo relacionado ao envelhecimento, devido a alterações hormonais, redução na síntese proteica musuclar e resistência à insulina, que compromete a captação de nutrientes pelo músculo e o anabolismo.
Ela não é inevitável: intervenções nutricionais, exercícios físicos e, em alguns casos, suplementação específica, podem prevenir ou reverter sua progressão.
Enquanto a perda muscular com o envelhecimento faz parte do ciclo da vida, a sarcopenia como síndrome é um problema de saúde que pode ser prevenido, retardado ou tratado com abordagens adequadas.
Por outro lado, há fatores podem acelerar ou agravar a perda muscular, como:
Condições inflamatórias:
A presença de doença, como a diabetes ou a artrite reumatóide, por exemplo, estimulam a liberação de citocinas pró-inflamatórias (como IL-6 e TNF-α) que promovem a degradação muscular.
Estilo de vida e contexto do paciente:
Baixo consumo calórico-proteico, comprometendo a manutenção da massa magra.
Sedentarismo, que reduz o estímulo ao crescimento muscular.
Períodos prolongados de imobilização ou hospitalização, que levam à atrofia muscular rápida.
Quais são as consequências da sarcopenia?
Para entender as consequências, é importante lembrar que a sarcopenia não apenas a diminuição da massa muscular, mas também da força muscular.
Força, esta, que utilizamos para sentar/levantar, subir uma escada, caminhar, carregar objetos…
Por isso, a sarcopenia impacta diretamente a qualidade de vida e a independência funcional dos pacientes. Suas consequências podem ser amplas e variam de acordo com a gravidade de condição.
1. Perda da Mobilidade e da Funcionalidade
A redução da força muscular compromete as chamadas Atividades de Vida Diária (AVD), tarefas básicas do dia a dia como levantar-se de uma cadeira, subir escadas ou carregar objetos leves.
Casos graves podem levar à dependência de terceiros para atividades básicas, como higiene pessoal ou locomoção.
2. Risco Aumentado de Quedas e Fraturas
A diminuição da força e da estabilidade aumenta a instabilidade postural, tornando quedas mais frequentes.
Fraturas, especialmente do quadril, são comuns e podem resultar em hospitalizações prolongadas e agravar o risco de complicações clínicas, dois fatores que podem diminuir ainda mais a massa muscular.
Tratamento nutricional para sarcopenia
O tratamento da sarcopenia exige uma abordagem multidisciplinar, na qual a nutrição desempenha um papel central. A intervenção nutricional visa promover a síntese proteica, prevenir a degradação muscular e melhorar o estado funcional do paciente.
1. Adequação da Ingestão Proteica
A proteína é o nutriente-chave para a manutenção e recuperação da massa muscular.
Recomenda-se uma ingestão de 1,2 a 1,5 g de proteína/kg de peso corporal/dia (Deutz et al, 2014) para idosos desnutridos ou em estado catabólico, dependendo da gravidade da sarcopenia e da condição clínica do paciente.
O fracionamento proteico ao longo do dia é fundamental para otimizar a síntese muscular, com destaque para a ingestão de proteínas completas (ricas em leucina, como carnes magras, ovos e laticínios).
2. Suplementação Específica
Proteínas de alta qualidade: O uso de whey protein, caseína ou proteínas vegetais isoladas pode ser indicado, especialmente para pacientes com dificuldades de mastigação ou apetite reduzido.
Aminoácidos essenciais (EAA) e leucina: Estimulam diretamente a via mTOR, essencial para a síntese proteica muscular.
Vitamina D: Deficiências são comuns em pacientes com sarcopenia. A reposição pode auxiliar na preservação muscular e óssea.
Fórmulas de suporte nutricional via oral: Suplementos orais com alta densidade calórica e proteína podem ser utilizados para garantir a ingestão adequada quando a alimentação habitual não é suficiente.
3. Adequação Energética
Um balanço energético adequado é essencial para evitar a degradação muscular.
Em pacientes desnutridos ou em risco, a introdução de calorias de alta densidade nutricional (combinando carboidratos complexos, gorduras saudáveis e proteínas) pode ser necessária.
4. Outros Nutrientes Importantes
Ômega-3: Encontrado em peixes gordurosos e suplementos, pode reduzir a inflamação e estimular a síntese proteica.
Antioxidantes (vitamina C, vitamina E, selênio): Combatem o estresse oxidativo, que pode agravar a perda muscular.
Creatina: Beneficia a força muscular e a performance funcional, especialmente em combinação com exercícios de resistência.
5. Estímulo à Atividade Física
Embora não seja um componente nutricional, a combinação de dieta adequada com exercícios de resistência potencializa os resultados. A atividade física é indispensável para promover o ganho ou manutenção muscular.
O nutricionista tem um papel essencial nesse combate!
O acompanhamento nutricional individualizado permite:
Monitorar a ingestão proteica e energética de forma personalizada.
Identificar e corrigir deficiências nutricionais específicas.
Ajustar o plano alimentar de acordo com as preferências e limitações do paciente (como dificuldades de mastigação, intolerâncias ou doenças associadas).
Introduzir fórmulas de suporte nutricional ou suplementos de maneira prática e segura.
Com o suporte adequado, é possível não apenas prevenir a progressão da sarcopenia, mas também promover uma recuperação funcional significativa, melhorando a qualidade de vida e a independência do paciente.
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